Maria Cristina Francisco
Psicóloga Clínica há mais de 30 anos.
Concluímos o curso de Psicologia na Universidade Metodista, localizada em São Bernardo do Campo – SP. Esta cidade na época era grande referência no movimento político trabalhista.
Na formação conhecemos o pensamento do psicanalista Wilhelm Reich e este teórico nos causou muita curiosidade por ser inovador na sua leitura, física, política e emocional do ser humano. Este nome sempre nos acompanhou.
Ao longo da prática percebemos uma necessidade de ampliar a compreensão da pessoa que se apresentava para atendimento no consultório, pois a linguagem verbal estava ficando insuficiente. Notávamos que o corpo estava se expressando por meio da respiração, gestos, tônus muscular, postura… Precisávamos de ferramentas para a leitura corporal.
Em contato com a escola neo-reichiana
Chegar até a Bioenergética (Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo) foi um longo processo de vivência pessoal e profissional onde encontramos um caminho para uma necessidade constante de descobrir a pessoa humana e sendo uma escola neo-reichiana achamos as bases teóricas para a leitura corporal e aplicação de exercícios e técnicas dentro de um pensamento que já estávamos identificadas.
Em seguida ingressamos para outra escola neo-reichiana; a Biossíntese (Instituto Brasileiro de Biossíntese) que ampliou nossa compreensão do corpo humano, pois esta teoria engloba conceitos integrativos das camadas embrionárias desde o período gestacional unindo também a bioespiritualidade.
Negritude e práticas atuais
Ao longo da vida, por termos sofrido racismo, passamos a nos envolver com as questões da negritude (movimento de reação, que visa dar visibilidade às questões raciais, colocando o corpo negro humanizado e valorizado), ingressando no Instituto AMMA Psique e Negritude, que visa enfrentar o racismo política e psiquicamente por meio de formação e prática clínica; identificando, elaborando e desconstruindo o racismo e seus efeitos psicossociais.
Hoje concluímos que a utilização dos exercícios corporais leva à pessoa a um caminho de liberação das emoções, auxiliando enormemente no alívio do seu sofrimento psíquico e a sensação de se sentir vivo resgatando sua energia vital e atuar numa Organização Não Governamental nos possibilitou conhecer ferramentas de atuação política, educativa e social bem como conhecer o sofrimento psíquico racial, que possam levar a um possível lugar transformador para uma sociedade melhor, mais justa e humanizada.